Um papo sobre MATUR(IDADE) e REFUGIADOS de Allan Gratz

 Obra: Refugiados                           Autor: Allan Gratz               Páginas: 288 Editora: Grupo Editorial Record, selo Galera                 Nota: 4,8 estrelas  

SINOPSE:     Três crianças com uma missão em comum: escapar! Um menino judeu crescendo na Alemanha nazista; uma jovem cubana no calor dos anos 90, contrapondo-se ao regime de Fidel Castro; e uma criança síria em meio à guerra civil, ainda tão próxima a nós. [...] Três trajetórias separadas por continentes e décadas, mas conectadas pela mesma busca por liberdade e esperança.

Refugiados já começou com as luzes em cima de si porque ser lançado em 22 de julho e no dia 29 (nem dez dias depois) já estar disponível na Amazon não é privilégio para muitos livros. Fala sério, o tempo que os leitores tinham que esperar quase seis meses para ler o ebook já saíram da ação para virar memória ruim em caixas empoeiradas. Afinal, você paga muito mais barato pelo ebook, já que não tem custo com impressão e se gostar: compra o físico, pois é assim que o mercado literário funciona. Se você gostou e puder gastar naquilo, ─ mesmo que isso não aconteça com outras pessoas ─ você compra.  Tipo Garotas de Neve e Vidro da Melissa Bashardoust, (a maioria acha que foi dinheiro jogado fora e também ouvi comentários de que tão panfletando errado, todavia eu não li tudo então não posso falar muito.) mas eu compraria só pela frase inicial “Lynet a viu pela primeira vez no pátio. Bom, a garota estava no pátio, Lynet estava em uma árvore.” 


Voltando a falar de Refugiados, a começar pela editora ele já se deu bem. Ok, o selo Galera não é nenhuma Intrínseca que publicou em português a série do tio Riordan, ou a Rocco da multipremiada e não panfletada por mim da J. K Rowling, mas tem muitos títulos de shows como a gama da Carina Rissi, Paula Pimenta, Colleen Hoover, a legião da Sarah J. Mass (Trono de Vidro e Acotar, inclusos) e da Cassandra Clare, além de capas de tirar o fôlego.  É cada livro incrível para todos os gostos. Minha lista de leitura, inclusive, já ganhou uns 7... Ok, há sim problemas com os livros que chegam aos clientes e as reclamações não são poucas mas mesmo assim, a começar pela editora Refugiados já se deu bem.


Não há um jeito certo de começar Refugiados. Mas o Allan começa pelo Josef, o que já é um incentivo (ou não, mas pega leve ele é uma criança ainda. EU VOU CHORAR!!!) para continuar lendo se você souber que o Josef tá em todas. Se você não souber vai demorar para se situar na história pois, se como eu você não tiver lido a sinopse primeiro porque a capa chamou sua atenção de vez vai estranhar alguns termos. Até que o Allan explica bem, porém algumas coisas você já tem que saber porque são fatos que auxiliam na construção da empatia pelo personagem como a Kristallnacht: a noite dos cristais na Alemanha e ódio de Hitler aos judeus; o governo de Fidel Castro, meandros da Revolução Cubana não ajudam muito, é bom saber mesmo a situação e não um resumo para prova; e do mesmo jeito que Cuba, a Guerra da Síria.


A história da Isabel, a cubana resiliente que trocou o seu trompete por combustível para a sua família e de seus amigos irem para os Estados Unidos é a única que não tem uma ligação íntima com a de Josef Landau, o garoto que sempre quis ser adulto e mostrou aos 13 anos que idade não define coragem, não define caráter, muito menos senso de responsabilidade, e Mahmoud, o garoto sirio refugiado que igual aos dois anteriores exemplificou que idade não pode e nunca vai definir maturidade que cruzou 08 países com sua família e que teve que tomar um condição drástica ao confiar na bondade humana para salvar sua irmãzinha. 


Josef foi à escola pela primeira vez em meses ─ mas como não sabia francês o colocaram no primeiro ano. Treze anos — um homem! —, e eles o puseram em uma sala com crianças de sete anos! Era humilhante. Josef prometeu a si mesmo que aprenderia francês no verão ou morreria tentando. (P.195) 

Josef sempre foi um carinha que sempre quis ser adulto. Quando seu pai, Aaron Landau, surtou por causa dos nazistas que iriam matá-lo e acabou pulando do navio St. Louis, o menino (não digam a ele que o chamei criança) se tornou o homem de casa, e cumpriu muito bem essa função. Josef queria, juntamente com sua família, escapar de Hitler, mas ele teve a coragem de colocar seu dever de proteger sua família na frente de seu próprio querer. Antes do momento fatídico, ele já tinha tomado sua decisão. A criança que sempre foi adulta: Josef Landau. ... Josef era quem precisava estar ali naquele momento. Por sua mãe e por Ruthie.” (P.157)


Termino essa resenha por aqui, centrando-me na pessoa de Josef Landau que, de um jeito ou de outro, é presente e crucial na história do livro “Refugiados”. Por mais livros assim de Allan Gratz, que conseguiu não fingidamente construir um Plot Twist magnífico entre histórias de épocas  totalmente diferentes.



PS: Assim que você chegar na ultima pagina, vai saber porque eu dia 4,8 estrelas e não 5. O livro é maravilhoso mas devia vir com um aviso "A trajetória em busca da liberdade será penosa, um dia, a liberdade valerá a pena. Jamais esqueça de onde você saiu para lembrar sempre o que você não quer ser nunca mais."

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